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1ª Semi final Eurovisão 2021

Texto de Maria Madalena Freire

Mestrado em criticar músicas, mas não faria melhor


Bem vindos ao único momento do ano em que a Europa é a maior potência mundial! Normalmente, por meados ou fins de Maio dá-se a Eurovisão, espetáculo dedicado à apresentação de uma música de diversos países que compõem o continente. (E a Austrália). Por norma, a competição divide-e em três dias: duas semi-finais e uma final com apenas 26 países restantes: 6 países tradicionalmente automaticamente qualificados, tipo SuperLeague das músicas bizarras, mais os 10 em cada semi final que se apura por pontuações adquiridas.)


Aqui, os norte-americanos interrogam-se sobre o que é ter um contexto cultural de mais de 200 anos que leva a constituir uma competição por quem tem as melhores luzes frenéticas, explosões de confetis espontâneas, fatos desconfortáveis e baladas suscetíveis a muita vergonha alheia.


Esta terça feira, subiram a palco os primeiros 17 países para apresentar as músicas que os seus países escolheram que melhor os representam esse ano: Austrália, Bielorussia, Irlanda, Lituânia, Macedonia do Norte, Rússia, Eslovénia, Suécia, Azerbaijão, Bélgica, Croácia, Chipre, Israel, Malta, Noruega, Roménia, Ucrânia. Infelizmente, tive que sobreviver a esta viagem musical a ouvir o Malato e não o mordaz e sarcástico Graham Norton, daí não sei se gostei das músicas por si só ou porque apenas interrompiam o relato do comentador português, mas vou tentar ser objectiva:


Com uma introdução muito pobre, conclui-se que Portugal foi muito melhor.

Somos, de seguida, presenteados com o vencedor de há dois anos (já nem se lembrava da letra da música com que ganhou, então cantou outra). Uma visão do futuro é invejada: vê-se a audiência sem distânciamento, sem máscara, a berrar continuamente (calculo que expelindo algumas partículas ou gotículas) e uma pessoa precisa no mínimo de 5 minutos para processar.


Lituânia, The Roop - Discoteque

não tem voz, só tem caras estranhas e um bom refrão rítmico. É capaz de se apreciar uma parte psicadélica, com muito potencial de arrancar com os novos anos 20. É um dos favoritos.


Eslovénia, Ana Soklic - Amen

mais uma balada, mais uma loira vestida de branco com uma capa. A voz está lá, mas eu não virava cadeira de fosse a Marisa Liz.


Rússia, Manizha - Russian women

as tradições na contemporaneidade, a letra em russo e um refrão pequeno em inglês que apela a cantar. A exposição de várias mulheres russas, a letra poderosa, especialmente num regime sob Putin. Nota 10.


Suécia, Tusse - Voices

só ela, uma música pop estilo Shawn Mendes, dá para abanar a cabeça, mas passa despercebida no meio dos histerismos e das baladas poderosas.


Austrália, Montaigne - Technicolor

continuamos sem perceber porque é que estão aqui. Rendem-se à cultura pop básica “americanada” da atualidade, em vez de venderem o que podem ter de peculiar. (Nem atuou na Holanda, devido ao fecho total das fronteiras australianas)


North Macedonia, Vasil - Here I stand

encontrámos o Marco Paulo deste ano, uma luz falsa no seu coração que se espalha em raízes distraiu-me de toda a balada poderosa que ele estava a tentar executar. (Também teve de capa, já agora, só que preta).


Irlanda, Lesley Roy - Maps

aquilo que cálculo que a Taylor swift estará a fazer daqui a 30 anos. Apostar em música dos anos 2000 pop ainda. (Playback? Dúbio)


Chipre, Elena Tsagrinou - El Diablo

pseudo Dua Lipa, como o Chipre faz sempre. Mulher poderosa, nível popstar internacional e como se fosse superior à Eurovisão. Básico.


Noruega, TIX - Fallen Angel

Um Post Malone europeu, asas maiores que o próprio, o estilo não é apelativo, a música ouve-se como se ouve Diogo Piçarra de vez em quando na Megahits.

Croácia, Albina - Tick-tock

pseudo Kylie Minogue, boa batida, mas o maillot com brilhantes, os dançarinos estridentes já começam a fartar e nem percebi a letra (e era em inglês). Assim nem sei que país está a atuar.


Bélgica, Hooverphonic - The Wrong Place

meio deprimente, estilo Blondie, mas mais velha e mais aborrecido.


Israel, Eden Alene - Set Me Free

funky, divertida, bem disposta. Ora sim, Israel renasce (infortúnio ser nos tempos em que é). Aconselho ouvirem, tem assobios dignos de ariana grande.(Só algumas palavras em hebraico).

Roménia, ROXEN - Amnesia, angels

pseudo Billie Eilish, uma balada indie pop de uma jovem.


Azerbaijan, Efendi - Mata Hari

tem raízes da sua cultura, canta na sua língua (com palavras ocasionalmente em inglês), mas não deixa de ter um toque de Little Mix ou banda feminina sul coreana. Em investigação descobri que o título da música, e que é repetida no refrão, é o nome de uma dançarina exótica que foi fuzilada na primeira guerra mundial.


Ucrânia, Go_A - Shum

assustou me um bocado, com flautas, voz estridente, passos de dança esquisitos, mas tem meme quality (pesquisar no Urban Dictionary)


Malta, Destiny - Je me casse

rendi-me, o ritmo dos saxofones encravados dá a pica que se quer, o estilo recuperado do Charleston, com pop e elétrico só dá vontade de dançar e nada mais - no fundo é isso que se procura na Eurovisão.


Quem estará na final de sábado: Israel; Noruega; Rússia; Azerbaijan; Malta; Lituânia; Chipre; Suécia; Bélgica (ninguém sabe como); Ucrânia

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