“Uma arquitetura de grandes linhas, de paredes compridas, buscava um encontro com os rochedos no lugar adequado. O objetivo consistia em delinear naquela imagem orgânica, uma geometria: descobrir aquilo que estava disponível e pronto para receber a geometricidade. Arquitetura é geometrizar.”
Álvaro Siza em Imagina a Evidência
É impossível discordar com as palavras do arquiteto Álvaro Siza Vieira quando ele sintetiza de forma tão pragmática uma suas primeiras obras - a piscina das marés em Leça da Palmeira.
No preciso momento em que nos deparamos com este lugar e caminhamos em direção ao mar somos recebidos por um plano inclinado que mudando a nossa direção acompanha-nos então até aos balneários, sem nos oferecer de bandeja a paisagem e o lugar que tanto ansiamos, delimitados apenas por alguns planos verticais, onde pequenas interrupções enchem o interior com o eco da sua paisagem, anunciando o que nos espera do outro lado. Continuando por este percurso em ziguezague de planos e interrupções é nos finalmente oferecido a tão prometida paisagem cenográfica, guiando-nos até ao horizonte do vasto oceano que nos cerca o olhar. A topografia, naturalmente rochosa, que através de algumas intervenções significativas, desenhadas com precisão, vão geometrizar um percurso que, de maneira quase orgânica, nos conduzem até aos diferentes planos de água.
Esta obra é um ótimo exemplo de como a arquitetura consegue, através de um desenho cuidado e simples, onde o arquiteto tem como preocupação não só o seu contexto local, mas mais ainda, a preservação da forte natureza pré-existente, atingir uma harmonia entre Natureza e Geometria, uma verdadeira simbiose destes dois organismos e com ela estabelecer um lugar familiar a quem o habita. Com isto, pretende transmitir a sensação de que podemos percorrer entre rochedos, procurando por um lugar onde nos possamos refrescar num dia quente de verão.
Fotografias por Manuel Louro
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