De Luísa Agapito
Decorreu entre os dias 18 a 21 de janeiro a 5.ª Edição do Congresso dos jornalistas. A resolução final reflete nomeadamente, a necessidade de combater a precariedade laboral, a falta de sustentabilidade financeira do Jornalismo e o impacto da tecnologia na reconfiguração da atividade profissional.
A era digital trouxe uma verdadeira descentralização das comunicações, da cultura de expressão e de acesso à informação, que tem impacto direto no jornalismo que exerce a função de “quarto poder” na nossa democracia.
Uma mensagem repartilhada milhares de vezes pode provocar um dano que é tanto maior quanto o número de partilhas e interações, bem diferente de, por exemplo, retirar um jornal físico de circulação.
Isto é, o impacto que uma informação online pode ter é infinitamente superior ao que em regra concebemos enquanto danoso.
Hoje, os cidadãos participam ativamente no processo de disseminação de informação, sem qualquer tipo de controlo editorial, responsabilidade pela informação que transmitem, o que, se por um lado, tem impacto positivo no que toca à exponenciação da liberdade de expressão, por outro lado, coloca em causa uma profissão que é responsável por garantir o direito de acesso fidedigno à informação dos cidadãos.
Aqui sublinho – é que é essa informação trabalhada e credibilizada que permite discernir, formular opiniões e por fim, VOTAR.
Os jornalistas tradicionais concorrem hoje nas mesmas circunstâncias que os bloggers, influencers, ativistas sociais e “jornalistas cidadãos”, o que coloca várias questões ao nível dos direitos e dos deveres inerentes à profissão.
Isto fica ainda mais complexo quando adicionamos inteligência artificial que, em última instância, pode ser utilizada enquanto mecanismo de disseminação de desinformação. Os jornalistas têm o papel acrescido de combater essa desinformação e de munir os cidadãos de informação plural, livre e fidedigna- é que a falta de informação é o combustível do populismo.
Se é benéfico para a democracia que existam novas formas de comunicar, por outro lado, o espaço comunicacional que ocupam não traz consigo uma responsabilidade pela informação que transmitem.
Parece-me que a disseminação de informação de interesse público passará por credibilizar os novos atores da comunicação, garantindo-lhes alguns direitos e deveres associados à profissão tradicional, como também, por investir em dignificar aquele que é um dos pilares da democracia – os jornalistas.
Sem jornalismo não há democracia, pois são estes que têm a bitola da veracidade dos factos que transmitem, são estes que procuram esclarecer, informar e que têm rigor na transmissão de informação.
Os jornalistas são os únicos que jamais podem tratar por igual a verdade e a mentira, a defesa da democracia passa invariavelmente por aqui – dignificando a profissão.
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