Ainda me lembro de caminhar sobre o seu labiríntico passadiço de velhas tábuas de madeira, o seu som rangente de quem já suportou uma vida inteira, o cheiro a mar acompanhado pelo bater das ondas no seu corpo sensível, balançando suavemente as suas plataformas, servindo-se de embarcação para as dezenas de pescadores que aqui embarcam e desembarcam todos os dias.
Este grande cais palafítico, único em toda a Europa, escondido na reserva natural do estuário do sado, por de trás dos extensos arrozais da Comporta, servindo como porta marítima da povoação da Carrasqueira, este, pratica ainda o seu propósito original, facilitando o acesso marítimo à população. Atualmente, devido ao boom turístico da Comporta e da península de Troia, o cais atrai mais do que os seus pescadores. A cenografia deste lugar, repleto de pequenas relíquias, de diversas gerações, decoram as diferentes cabanas que compõem o cais. Atraem o público a experienciar um percurso pela história deste lugar. História esta, que passa ter uma marca contemporânea.
Por consequência do aumento de movimento do antigo cais este sofreu uma intervenção significante, a requalificação de um novo passadiço, fortificando o eixo principal, e a construção de uma nova lota, com todos os requisitos infraestruturais necessários. Estas novas intervenções vão não só valorizar este lugar como ponto turístico, mas acima de tudo, vai criar uma nova vida a esta região piscatória que durante décadas viu o tempo passar no leito do seu rio.
Fotografias e texto de Manuel Eiras Louro
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