Ilustração e Texto de Cataestrófica
O trabalho afetivo não remunerado é uma mais-valia para o capitalista, muito embora o ato de cuidar seja essencial para manter trabalhadores e próximas gerações sãs, protegidas e saudáveis. Por essa razão, devia ser devidamente valorizado. Porém, a produção económica ambiciona o lucro e a acumulação ilimitada e, paradoxalmente, destabiliza os seus próprios mecanismos quando destrói as condições para que os cuidados sejam garantidos. As mulheres migrantes são o exemplo mais claro disso, através da exploração de classe, género e raça.
Além de serem invisibilizadas, vítimas de preconceito e de trabalharem frequentemente sob exploração e precariedade, numa lógica de servitude - estando na base da sociedade capitalista - todos os aspetos das suas vidas são controlados. Mais presentes no setor doméstico e dos cuidados - muitas vezes em ilegalidade - estas mulheres acabam por ter uma dupla maternidade: a família que deixam para trás ou a qual se veem forçadas a negligenciar e a nova família que acolhem.
É importante refletir sobre o que aconteceria se estas mulheres deixassem de cuidar e que se lute para que as múltiplas vulnerabilidades às quais estão expostas sejam destruídas, incluindo mulheres migrantes nas respostas de apoio e proteção social nacionais para garantir justiça, igualdade e estabilidade.
Recomendo a leitura do relatório "Proteger os trabalhadores e trabalhadoras migrantes durante a pandemia COVID-19" (abril, 2020) da Organização Internacional do Trabalho, onde são apresentados dados e recomendações sobre este tema.
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