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Elon Musk: o vencedor do Monopólio

Elon Musk está na moda e não vai passar de estação. O hype gerado pela sua compra da rede social Twitter levantou controvérsia, não só pelas intenções que estariam por detrás da transação, mas também pelos 44 mil milhões de dólares relativamente ao montante do acordo – um valor sobrevalorizado em 38% do que seria atribuído por Wall Street.

de Beatriz Viana



Há quem diga que é louco, imbecil. Para outros, visionário, conquistador capitalista. Atrevo-me a dizer que Musk pode ser tudo isso ao mesmo tempo, e que a metáfora ideal para os seus negócios será vencer uma partida do jogo de tabuleiro Monopólio. Quais são, então, as suas casitas de propriedades?


Todos conhecemos bem os veículos elétricos da Tesla, e seguimos o atrevimento à exploração espacial com a SpaceX. Porém, a reputação do empresário vai para além destes dois casos. No total, é dono de 5 grandes empresas e, graças a elas, tem vindo a conquistar várias indústrias.

Começamos pelo caso mais clássico: a Tesla. A empresa de automóveis elétricos propõe-se a oferecer carros de tecnologia avançada e de interconectividade a preços não exorbitantes, com o objetivo de se estender aos self-driving cars, e aos self-driving táxis, que poderão ser alugados aquando da necessidade, e ir ao encontro da crescente tendência socioeconómica de “utilização versus posse”. A indústria automóvel de Musk acabará por se estender à indústria dos seguros, já que o empresário anunciou aos seus investidores que a Tesla está a ponderar a compra de uma seguradora, no que será jogada de subida de margens de lucro e obter mais valor pela venda de cada veículo.


Num espectro distinto, o setor da Energia não fica de fora do império Musk: a SolarCity foi originalmente ideia de Musk. Em 2016 é comprada pela Tesla, atuando como fornecedora de fontes de energia solar de zonas residenciais, sendo líder americana na instalação de painéis solares, trabalhando com a tecnologia da Tesla para substituir fontes fósseis.


Seguimos com a SpaceX – a empresa aeroespacial que tem a visão de tornar a espécie humana “multiplanetária”, e colocar 1 milhão de pessoas em Marte até 2050. Um dos grandes constrangimentos desta missão são os elevados custos de lançamento, causados pela construção de foguetes de única utilização, causados pela baixa tolerância a falhas e a complexidade do sistema. Não obstante, a SpaceX está também a ganhar terreno no planeta Terra: com o projeto Starlink, a empresa vai entrar no meio das Telecomunicações, e utilizar a alta tecnologia ao seu dispor para garantir acesso à internet em todas as áreas rurais e remotas. A internet por satélite de Musk não pretende ser uma ameaça às grandes operadoras, antes pelo contrário: define-se como uma ajuda para chegar onde estas não conseguem, segundo o empresário.


The Boring Company nasceu do sentimento de frustração de Musk sobre o trânsito de Los Angeles. A sua ideia passa por construir túneis seguros e low-cost para transporte de mercadorias e passageiros, entrando, assim, na indústria dos transportes. Pelos custos elevados que esta proposta apresenta, Musk tem ainda em desenvolvimento os principais projetos na Califórnia e comentou em 2018 que esta empresa é um “hobby” à qual dedica apenas 2%-3% do seu tempo.


A Inteligência Artificial (IA) está também nas mãos de Elon Musk. A OpenAI é criadora do mais sofisticado modelo de processamento de linguagem até à data: GTP-3. Este modelo é capaz de auto completar texto, criar histórias, partituras de guitarra, manuais técnicos, imagens e até linhas de código. Este modelo foi o grande impulsionador dos subsequentes de Deep Learning, com a deteção de padrões em conjuntos de dados não estruturados ou categorizados. O empresário temia a utilização inadequada da IA, pelo que o lançamento da empresa tinha o intuito de criar modelos autónomos que superassem os humanos na criação responsável de valor e trabalho.


Por último, Elon Musk decidiu também investir no setor da Investigação e da Saúde, criando a NEURALINK. Esta empresa trabalha sobre as células neuro cerebrais para interligar os cérebros dos humanos aos computadores – o que o empresário descreve como “fitbit no cérebro”, e tem o intuito de ajudar os humanos a acompanharem a inteligência das máquinas e robôs. O produto consiste em implantes cerebrais milimétricos, que são colocados por cirurgia no cérebro humano, cujos elétrodos são acionados pelos neurónios ativados em determinada atividade e guardados num processador. Os testes em humanos ainda não começaram, mas o potencial desta tecnologia não deve ser descartado, especialmente em doenças e tratamentos neurológicos. Musk acredita na coexistência das espécies, e uma nova espécie é a Inteligência Artificial.


Deixando de parte avaliações de carácter, Elon Musk é um empreendedor em série. Sai fora do status-quo e não tem medo de deitar mãos (e dinheiro) à obra. Por todos os seus investimentos e participações, tem o tabuleiro do Monopólio bastante completo - seja anjo ou demónio, não tardará muito até que passemos todos por ali.

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