O conceito de equilíbrio é basilar em todas as teorias económicas: o ponto em que a procura se cruza com a oferta, e que todo o mercado está satisfeito.
de Beatriz Viana
O equilíbrio económico é estável e tende sempre a acontecer no longo prazo, ainda que flutuações externas ou no sistema de preços possam provocar desvios e choques a curta instância. Almas mais céticas dirão que o ponto de equilíbrio nos mercados nem sempre significa o bem-estar geral, pelo que assim se justificam intervenções estatais e centralizadas num mecanismo tão orgânico e fascinante como o sistema de preços.
Como ávida defensora da omnipresença da economia em todas as nossas vivências, desafio ao exercício mental sobre o nosso próprio ponto de equilíbrio, não como agentes económicos, mas sim como pessoas. Onde é se cruza aquilo que buscamos, com aquilo que o mundo tem para nos oferecer?
O equilíbrio está (e bem!) na moda: seja work-life, seja fit-life, ou seja, qualquer trend nova de autoajuda que veio para equilibrar o nosso tempo de ecrã ou flora intestinal. Sarcasmos à parte, acredito que a autoanálise sobre o “ser equilibrado” faz falta.
Não tenho autoridade científica (e muito menos moral) para pregar sobre os benefícios da moderação, pelo que prefiro celebrar tudo o que contribua para o alinhamento orgânico na vida de cada um. Assim sendo, deixo perguntas soltas, mas não ingénuas, na esperança de que funcionem como choques exógenos ao estado atual de cada um de nós, e que nos levem mais próximos do ponto ótimo (sem intervenções estatais, de preferência):
- Já comi fruta hoje?
- Li quantos livros no último ano?
- Qual foi a última coisa que aprendi?
- Quando foi a última vez que me ri até doer a barriga?
- Marquei a consulta no dentista?
- Desafiei-me a trabalhar?
- Liguei aos meus amigos/família só para dizer olá?
- Cantei no duche?
- Tenho arriscado ultimamente?
- Pedi fatura com contribuinte?
E por último, mas não menos importante, vale a pena pensar se fazemos realmente o que nos dá na gana (com as suas limitações de senso comum e respeito alheio, claro), sem juízos sobre se é socialmente correto, equilibrado ou tonto. Porque, às vezes, também é preciso desalinhar os Chakras e saber que, no final do dia, tal como o mercado, o que importa é sermos livres.
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