O PSD é um partido essencialmente reformista. Ao longo da sua história contribuiu de forma crucial para executar as transformações estruturais de que Portugal necessitava. Desde a alteração do modelo económico socializante – revisão constitucional de 1982 – às políticas de ajustamento do período da troika – Governos de Pedro Passos Coelho –, passando pela entrada na comunidade europeia – Governos de Cavaco Silva –, todas tiveram a marca indelével do Partido Social Democrata. É essa matriz reformista que deve mover os militantes a reeleger o Dr. Rui Rio, uma vez que este assume como estandartes da sua candidatura três das principais reformas estruturais pelas quais os portugueses tanto anseiam: a reforma do sistema político, a transparência no exercício de cargos públicos e a abertura dos partidos políticos.
Parte considerável do discurso de candidatura de Rui Rio há dois anos foi construído em torno da urgência de uma reforma do sistema político e do sistema eleitoral, o que, olhando aos atuais níveis de abstenção, consiste numa condição sine qua non para a subsistência do modelo político democrático-partidário. Sob a batuta de Rui Rio, o PSD criou uma secção do Conselho Estratégico Nacional inteiramente dedicada ao tema, apresentou medidas concretas no programa eleitoral, «entre as quais alterar a forma de eleição de deputados pela reconfiguração dos círculos eleitorais»[1], e anunciou publicamente que avançará com as consequentes propostas em sede de Assembleia da República. Após o PS ter cedido à pressão dos partidos de extrema esquerda para retirar qualquer referência à reforma eleitoral do programa de Governo, cabe ao PSD liderar este debate em Portugal.
Numa altura em que a credibilidade da classe política foi profundamente abalada por diversos escândalos de corrupção por parte de governantes nacionais no exercício de cargos públicos, os portugueses anseiam – e desesperam – por políticos em que possam confiar. Pessoas íntegras cujo currículo não esteja manchado por associações duvidosas. Em mais de 30 anos de percurso político, Rio apresenta um imaculado historial de gestão dos dinheiros públicos. Ainda para mais tendo gerido uma das maiores autarquias do País durante 12 anos. A tão ansiada reforma de transparência da política terá, necessariamente, de ser liderada por alguém que a personifique. Poucos são os políticos que se possam orgulhar de estar nas mesmas condições de Rio para o fazer.
Quanto à reforma interna do PSD, o atual Presidente alcançou ganhos extraordinários para a vitalidade democrática do Partido. A criação do Conselho Estratégico Nacional permitiu chamar independentes e militantes afastados que não encontravam no seio do partido um espaço exclusivamente focado na discussão de ideias para o País. A alteração na forma de pagamento de quotas teve por consequência uma diminuição abrupta dos fenómenos de pagamentos massivos e de caciquismo eleitoral. Ainda que não o tenha expurgado totalmente, não há comparação possível entre o escândalo mediático que ocorreu há dois anos em torno dos sacos de votos e a forma como decorreram as eleições do passado dia 11.
Ademais, sendo o principal combate político do próximo mandato as eleições autárquicas de 2021, quem melhor para liderar o PSD que um político que obteve três maiorias absolutas na Câmara Municipal do Porto, resgatando-a da governação socialista contra todas as previsões e sendo reeleito com resultados superiores a cada sufrágio? O exemplo de rigor e determinação deixado na gestão do município portuense conferem a Rui Rio a credibilidade para gerir um processo autárquico vencedor para o PSD, reconquistando gradualmente a confiança dos eleitores perdida nos últimos atos eleitorais homólogos.
No passado sábado os militantes social-democratas escolheram os candidatos que transitaram para uma inédita segunda volta. Rui Rio, como o próprio fez questão de frisar, ficou a apenas 0,56% dos votos de obter a maioria absoluta à primeira volta. Todavia, numa segunda volta ambos recomeçam do zero, pelo que não há vantagens à priori. As reformas não se deixam a meio. Cabe aos militantes social-democratas, no próximo dia 18, escolher o reformismo e concluir o que foi iniciado, honrado o compromisso que o PSD tem com Portugal desde o momento da sua fundação.
[1] Programa Eleitoral PSD Eleições legislativas 2019, pg. 20
Comentarios