Cartoon e texto de Beatriz Almeida
Quando alguém diz que um fenómeno ofende, prejudica ou tem raízes e razões de existir nocivas, por que negam de imediato?
E, para exacerbar, negam na base de “eu nunca senti isso”. Acho especialmente interessante quando quem profere isto faz parte dum grupo maioritário. Parece não haver noção de que não sente o fenómeno na pele, negando imediatamente quem o sente.
Há imensos níveis para um fenómeno, por exemplo: quando dizem que pessoas brancas não podem sofrer racismo, estão a referir-se ao racismo SISTÉMICO, também conhecido por opressão. Quem construíu o sistema em si foi a maioria, que tem mais poder, sendo, neste exemplo, as pessoas brancas. Este sistema foi feito POR elas, PARA elas.
Assim, pessoas de etnias minoritárias são prejudicadas pelo sistema. Resumindo, pessoas brancas não podem sofrer racismo.
Por outro lado, racismo INDIVIDUAL pode, de facto, afetar qualquer etnia, mas quando se diz somente a palavra “racismo”, estão a reduzir o impacto estrutural que este tem. É por esta razão que se diz que pessoas brancas podem sofrer de discriminação, que é individual, mas não de racismo, que engloba os sistemas e estruturas que prejudicam uma etnia que não seja a branca.
Então, quando alguém diz “isto é racista/sexista/etc., temos de refletir se a nossa propensão para discordar de imediato não estará a ser impulsionada pela nossa visão privilegiada, de não conseguir olhar para o mundo de um ponto de vista sistemático.
Estes -ismos e -fobias não são só os insultos e olhares de lado, são o menor poder de certos grupos em diversas estruturas da sociedade, são a maior taxa de mortalidade, são as tradições que os prejudicam, entre outros.
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