De Beatriz Capão, Joana Gama Gomes, Marta Ferreira
Depois das eleições legislativas de março, esperam-nos agora as europeias de junho. Já sabemos que calha mal, no domingo antes de uma semana que (para os lisboetas) terá dois feriados. O receio é de que as pessoas troquem a ida às urnas pela ida à praia.
Mas será que corremos mesmo este risco porque é uma semana de feriados, ou será que andamos de legislatura em legislatura sem saber comunicar a Europa?
Se calhar, a data até não é a melhor, mas a nós parece-nos que se continuarmos sem falar de assuntos europeus, a sensação de que Bruxelas está lá longe, na sua mística bolha, não irá a lado nenhum e, independentemente do domingo para o qual se marquem as eleições, os níveis de abstenção não baixarão.
Por isso, falemos das eleições europeias sem monopolizar o tempo de antena em torno dos problemas da política nacional. Falemos de alargamento, da segurança, da criação de uma verdadeira união de saúde, dos problemas na habitação, falemos da crise climática e do facto de 2030 estar quase aí.
Falemos das ameaças que a União enfrenta dentro de portas, do crescimento de forças nacionalistas e anti-europeístas, falemos da crise de valores que enfrentamos, com uma Carta de Direitos Fundamentais que, em alguns Estados-membros, não sai do papel.
Ao falarmos de tudo isto, percebemos facilmente porque é que as próximas eleições europeias são importantes e o que está, afinal, em jogo.
Podemos sempre utilizar a bengala do costume e dizer que 70% da legislação em vigor em Portugal tem origem na UE.
Portanto, na verdade, a relevância que tem para a nossa democracia é indiscutível. Mas é muito mais do que isto.
Nas próximas eleições, estarão em cima da mesa um conjunto de valores que partilhamos: a diversidade, a igualdade e, mais que nunca, a paz, numa Europa cada vez mais polarizada e em que as forças ultranacionalistas proliferam com um discurso que separa entre o nós e o eles.
E se há algo que a História nos mostrou é que desta segregação ninguém sai a ganhar.
Robert Schuman disse que a Europa não se fará de uma só vez. E, certamente, também não se destruirá de uma só vez.
Mas se deixarmos, pode destruir-se aos poucos e só o voto consciente mudará esse desfecho.
Os últimos anos tornaram evidente que, em conjunto, o bloco europeu é muito mais forte.
Pensemos na pandemia, e no quão mais rápido conseguimos atuar por estarmos unidos.
Pensemos na segurança, e na forma como nos colocámos ao lado da Ucrânia na defesa de uma Europa livre e de paz.
E agora pensemos no que aí vem.
Pensemos na resposta que queremos dar à crise migratória, pensemos na política ambiental, e no quão ambiciosa precisamos que seja, pensemos em como vamos defender as nossas fronteiras.
E depois de pensarmos, votemos, porque o voto é a nossa principal arma na luta pela União que queremos.
E não esqueçamos: o projeto Europeu constrói-se todos os dias e (ainda) está nas nossas mãos!
Parceria Eurotopia
As três autoras do texto fazem parte de uma parceria que o Jornal Crónico tem com o podcast Eurotopia, no âmbito da campanha para as eleições europeias. O objetivo é que dois projetos jovens possam aumentar a literacia europeia e incentivar ao voto nas próximas eleições. Podcast: https://open.spotify.com/show/5SP2aRobvFLoVhBV8IvJiG
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