De Afonso Fortunato
Acusações, preconceito, bars, o beef que tem agitado a cultura pop, Kendrick, Drake e J. Cole, são o sucedâneo americano da battle entre Marcelo, António Costa e Montenegro.
Marcelo abriu as hostilidades acusando António Costa de ser “lento”, por ser “oriental”. O que os mais desatentos não compreenderam é que MRS não se referia ao continente asiático, mas à estação ferroviária do Oriente, lenta, pela falta de investimento do Governo do ex-Primeiro-Ministro na ferrovia.
O Presidente não se deixou ficar pelas críticas ao antigo Primeiro-Ministro, alargando o discurso também a Luís Montenegro: um comportamento típico quando o término de relação ainda é recente, perdendo-se em comparações entre o seu par atual e o ex.
Para Luís Montenegro o adjetivo escolhido foi urbano-rural, “que é urbano com comportamentos rurais”, um progresso para Marcelo, que, apesar das posições mais conservadoras, reconhece publicamente o conceito de não binário, ainda que relativamente à geografia do Primeiro Ministro.
Com o aproximar do término do último mandato de MRS, o Presidente deixa claras as suas intenções de regressar aos palcos da TVI, não como comentador, mas como concorrente de reality show, já que prefere não dizer as verdades na cara dos inimigos, mas com uma câmara apontada à sua.
Ainda assim, não se auguram bons resultados a Marcelo quando voltar a ir a votos num domingo.
Quem tentou também açambarcar alguma da exposição mediática de Marcelo foi André Ventura. O líder do partido de extrema-direita acusa o Presidente da República de “traição à pátria” por tentar fazer reparações com as ex-colónias.
Aqui foi Ventura a expor o seu olhar retrógrado face a relacionamentos. De facto, Marcelo não está a cometer uma traição com as exs, está sim a querer devolver aquele clássico saco com os pertences que ficaram lá em casa.
Ainda assim, Marcelo quis ter a última palavra nesta sequência de mediatismo desvairado e afirmou não estar “caquético”, mas “em forma”, uma frase proferida tipicamente por dois grupos de pessoas: as que estão caquéticas e as que não estão em forma.
Remato com uma recomendação a Marcelo: que adote o mesmo modus operandi que pretende pôr em prática com as ex-colónias e, portanto, reponha o que erradamente roubou, nomeadamente o prefixo “re” que tão bem lhe assentava à palavra “forma”.
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