Desconstruir os tabus das doenças e aprender a ler os sinais do nosso corpo quando algo não está bem em linguagem simples e sem complicações médicas. É esse o mote da rubrica Medicina ponto por ponto. Hoje falamos sobre os tumores da mama, em particular do cancro da mama.
Artigo de Inês Moreira, Diogo Coluna e Bárbara Roque
Estudantes de Medicina, NOVA - Medical School
Alguns factos sobre o cancro da mama
- Tumor maligno mais comum na mulher em Portugal
- ⅓ de todos os cancros na mulher
- 1 em cada 8/9 mulheres terão cancro da mama.
- 2ª causa de morte por cancro na mulher
- Na maioria dos casos, o cancro da mama é detectado durante o rastreio de rotina, recomendado para mulheres a partir dos 50 anos.
- Apenas 5-10% são hereditários (associados a mutações BRCA1 e BRCA2).
Pico de incidência:
- Pós-menopausa
- 50% dos cancros da mama são diagnosticados em mulheres com >65 anos
Factores de risco
Hormonais:
- 1ª gravidez viável após os 35 anos de idade
- Não ter filhos ou não ter providenciado aleitamento materno;
- 1ª menstruação precoce (<11 anos) ou menopausa tardia (>55 anos)
- Obesidade na mulher pós-menopáusica
Individuais:
- Tabaco
- Álcool
- Dieta rica em gorduras e pobre em fibras
Sinais clínicos
Estádios iniciais
Pode palpar-se uma massa:
- única, dura e firme,
- com margens pouco definidas
- mais comum na parte súpero-externa da mama (55%)
Estádios avançados
A mama apresenta alterações:
- Morfológicas: alterações no tamanho/ forma → mamas assimétricas
- Na pele: retrações ou ondulações
- No mamilo: inversão do mamilo, corrimento mamilar com sangue, maior sensibilidade
Rastreio e diagnóstico
Auto-exame mamário
Todas as mulheres devem fazer auto-exame mamário mensal (1 semana após o fim da menstruação). Este exame é um método de rastreio capaz de detectar anormalidades, e deve seguir os seguintes passos:
1. Inspeção (A): deve-se olhar para as mamas diretamente no espelho, com os braços ao lado do corpo, depois erguidos acima da cabeça. De seguida, inspecionar o formato de cada mama e procurar por mudanças na textura da pele (ondulações, rugas, textura de casca de laranja)
2. Palpação do tecido mamário (B) em cada um dos quatro padrões descritos para cobrir todo o tecido mamário
3. Palpação do mamilo (C): apertar o mamilo suavemente e inspecionar se existe secreção (leitosa ou com sangue)
4. Palpação do tecido mamário axilar (D): deitada, palpar a cauda axilar da mama que se estende até à axila.
Importante procurar um profissional de saúde o mais rapidamente possível caso se encontre alguma alteração.
Nas jovens
Fibroadenoma - tumor benigno
Dos tumores benignos da mama, o fibroadenoma é o mais comum entre as mulheres < 35 anos.
Pico de incidência: 15-35 anos
Causa: desconhecida, mas foi estabelecida uma ligação com fatores hormonais (aumento de estrogénios).
Achados clínicos: normalmente existe uma massa única bem definida e móvel, de consistência elástica, sem aderências.
Prognóstico é geralmente bom. A maioria dos fibroadenomas não estão associados com um aumento de risco de cancro de mama.
No homem
O cancro da mama no homem é raro, representando menos de 1% de todos os cancros que afetam o homem, e menos de 1% de todos os cancros da mama. No entanto, é importante não desvalorizar já que a incidência tem vindo a aumentar.
Fatores de risco incluem:
- Idade avançada, com pico de incidência aos 70 anos;
- Exposição a radiação ionizante e eletromagnética;
- Desequilíbrio hormonal e aumento dos níveis de estrogénios (associado a obesidade, doença hepática, etc);
- História familiar de cancro da mama.
A maioria dos casos tem um diagnóstico tardio devido à falta de consciência da existência de tal malignidade em homens e ao desconhecimento dos fatores de risco associados.
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