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Medo de ser o Fábio Paim

De Tomás Lampreia

Confesso: tenho medo de ser como o Fábio Paim.

Não o conheço, nem faço ideia de como será em pessoa, mas a história dele assombra-me. Mas não falo do talento que se perdeu ou da promessa que nunca se concretizou, mas sim de viver algo que nunca foi.


A vida do Fábio Paim resume-se a um “E se?”.

 

Não sei se sabem, mas recentemente o Fábio, o tal que o Cristiano Ronaldo disse que ia ser melhor do que ele, está a dar uma palestra daquelas de coach motivacional.


A principal diferença é que aqui o Fábio não fala sobre como alcançou o sucesso, mas sim de nunca alcançar o potencial que lhe foi apontado: “Eu não cheguei ao topo, mas tu podes chegar”, está escrito no cartaz promocional destas conversas.


Alguém o avise que não é bem assim que funciona… Não é por teres falhado na vida que sabes como não falhar, se há pessoa de quem eu não quero ouvir conselhos de como alcançar o sucesso, é de uma pessoa que não acabou o 4.º ano e agora faz lives no Instagram a vender réplicas de fatos de treino.

 

Eu já imagino o Fábio a dizer frases cliché como: “Porque o potencial só vale de alguma coisa se trabalhares para ele” ou “Talento sem trabalho não vale de nada”.

A verdade é que Fábio Paím é provavelmente dos únicos podcasters que já foram elogiados por Cristiano Ronaldo. 

 

Mas a história do Fábio Paím é mesmo daquelas que será contada por gerações e gerações. A verdade é que foram poucos os futebolistas que almejaram ser melhores do que Cristiano Ronaldo e Paím, ainda hoje, diz que seria melhor do que Cristiano Ronaldo se tivesse “tido cabeça”. 

 

Todos os rappers na história do mundo têm alguém a torcer pelo seu insucesso, normalmente um professor que diz que não vão ser ninguém na vida.


Fábio Paím é exatamente o contrário: foi daqueles gajos a quem foi dito que tinha tudo para ter sucesso e apenas quis provar errado todos os que acreditaram nele.


Já a mim, nunca me disseram que não ia ser ninguém, mas também nunca me disseram que o poderia ser, por isso vamos lá ver como a vida me corre agora nos próximos anos.

 

Quando digo que tenho medo de ser o próximo Fábio Paím, o medo que paira sobre mim não é o medo de não alcançar todas as minhas ambições, mas sim o medo de estar a viver do meu insucesso.


Ele é basicamente aquele amigo (que todos temos) que jura a pés juntos que se não tivesse uma lesão no joelho seria jogador profissional de futebol, só que com um joelho completamente saudável e sem um amigo com quem desabafar.

 

E a verdade é quem eu não estou nem no lado da balança em que ninguém acreditava em mim, mas também nunca ninguém me disse que seria melhor do que o Cristiano Ronaldo em nada, apesar de provavelmente o ser em várias coisas (não acredito que o CR7 faça arroz melhor do que o meu).


Por isso, assumo, o meu maior medo não é desperdiçar o potencial, mas sim ser ridículo na internet e ter centenas ou milhares de pessoas a ver.

 

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