Este sonho de Israel e a sua concretização têm de ser estendidos a outro Povo – o Palestiniano! Isto não foi possível, infelizmente, até ao momento…
Texto de Gonçalo Mesquita Ferreira
A criação e independência do Estado de Israel deu resposta à aspiração de grande parte da comunidade internacional. Da mesma forma, materializou a concretização do sonho de um povo que se viu privado de ter um Estado onde se fixar ao longo de grande parte da História.
Esta vitória de Israel foi, sobretudo, uma vitória da Humanidade, que se dignificou no seu todo sob a égide da autodeterminação e dignidade do povo judeu.
Contudo, este sonho de Israel e a sua concretização têm de ser estendidos a outro Povo – o Palestiniano! Isto não foi possível, infelizmente, até ao momento…
Depois de terem sido travadas várias guerras entre países Árabes e Israel - e depois de várias tentativas de divisão do território em dois estados - ainda não foi possível a criação de um estado autónomo da Palestina, em larga medida, devido à ocupação militar por parte de Israel.
O resultado desta ocupação tem sido, e continua a ser, um tenebroso desrespeito pelos Direitos Humanos e pelo Direito Internacional com atos de repressão sobre o Povo Palestiniano, violência contra crianças e a implementação de uma verdadeira política de apartheid, muros e colonatos!
São exemplos concretos disso mesmo, o que acontece ano após ano na cidade palestiniana de Hebron – onde há ruas e bairros só para colonos onde os palestinianos não podem passar -, ou na cidade, também palestiniana, de Ramallah – onde todos os anos mais de 500 menores palestinianos, logo desde os 12 anos, são presos pelo Estado Israelita em completo desrespeito pela Convenção da ONU sobre os Direitos das Crianças.
É neste contexto que se tem assistido à escalada de violência não só em Jerusalém Leste, mas um pouco por todos os territórios palestinianos ocupados por Israel.
Estes confrontos tiveram origem, não só nas restrições de circulação impostas durante o Ramadão (período de culto religioso mais importante para os muçulmanos), mas também pela carga policial israelita contra os palestinianos durante as preparações da oração noturna na mesquita Al-Asqa e devido à decisão judicial de expulsar dezenas de famílias palestinianas das suas casas no bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental, com o intuito de construir um novo colonato judeu.
Estas ações deixam a descoberto as pretensões do Governo de Israel e de Benjamin Netanyahu: a anexação dos territórios palestinianos da Cisjordânia a Israel, a unificação de Jerusalém Oriental (palestina) a Jerusalém Ocidental (Israel) de forma a obter uma capital unificada e o lançamento de um cerco ao povo palestiniano da Faixa de Gaza negando-lhes o acesso a bens essenciais.
Defendendo o Estado de Israel, combatendo o anti-semitismo e qualquer forma terrorismo ou resolução não pacifica dos conflitos, é urgente que se acabe com a ocupação israelita dos territórios da Palestina, com a barreira ao acesso a bens essenciais e com a segregação do povo palestiniano na Faixa de Gaza, e, não menos importante, com a violência policial e militar que tem assassinado indiscriminadamente milhares de civis ao longo dos anos.
Porque, no fim do dia, não estamos perante um conflito israelo-palestiniano mas sim perante uma ocupação ilegal em violação dos princípios mais basilares do Direito Internacional com vista a implementação de um estado colonial e de apartheid.
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