O chamado Dia de São Valentim tem origem na celebração litúrgica de um presbítero e mártir da Igreja Católica, São Valentim, que acontecia no dia 14 de Fevereiro. A vida desta figura está envolta em mistério, pois pouco se conhece. Porém, o certo é que sempre esteve associado aos jovens apaixonados. Reza a lenda que este sacerdote unia, pelo sacramento do matrimónio, os jovens cristãos que os romanos queriam solteiros para servirem no exército.
Quando nos falam no Dia de São Valentim, ou somente Dia dos Namorados, os nossos pensamentos são inundados de imagens de rapazes e raparigas de mão dada a passear, de restaurantes cheios de apaixonados a jantar, de montras decoradas com corações, chocolates e rosas, mas ninguém pensa no capitalismo que está por detrás desta celebração amorosa.
É certo e sabido por todos que, hoje em dia, a festividade do dia catorze beneficia significativamente o comércio, gera lucros para o retalho e para o grande setor de gastronomia. Há quem considere que este dia é para sair da rotina e surpreender aquele/a com quem um dia se quer dividir a vida, mas na verdade este é um dia comercial e capitalista, onde a refinaria lucra à custa dos namorados e do amor que sentem mutuamente.
Poder-se-á até admitir que há um certo desvirtuamento do namoro neste dia. Há variadas formas de demonstrar o amor e a atração que se sente pelo outro sem recorrer à carteira, pois o poder de compra e o esbanjamento de dinheiro não são, ou pelo menos não deveriam ser, a representação desse amor. Se o mundo valoriza mais as coisas materiais que a demonstração de afetividade através dos sentimentos, não será possível, a determinado ponto, distinguir aquilo que é um amor verdadeiro daquilo que é um “amor comprado”.
Entramos então numa questão mais filosófica, questionando que sentido faz demonstrar-se que se ama o outro num determinado dia do ano quando se pode fazê-lo uma vida inteira, em qualquer altura? O verdadeiro sentido do amor não está naquilo que se pode comprar ao outro, mas naquilo que se faz em benefício do outro. Isto é, se o amor implica sacrifícios e se amamos verdadeiramente, estamos dispostos a sacrificar-nos.
Agora deixemos lá de falar sobre o amor para não ficarmos enjoados.
António Ribeiro Telles
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