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O protesto da moda

A recente guerra entre Putin e a Ucrânia resultou, nas últimas semanas, num pacote de pesadas sanções contra a Rússia. Entre estas, encontram-se sanções financeiras, comerciais, nos setores da energia e da tecnologia, entre outras.

de Margarida Passos e Beatriz Encarnação



Além disto, como forma de demonstrar o seu apoio aos ucranianos, foram já várias as marcas de luxo e não só, que suspenderam temporariamente as suas vendas no mercado russo. No que concerne a marcas de luxo, estão incluídas a famosa Chanel, Gucci, Prada, Louis Vuitton, Hermès, Burberry e Cartier, sendo que as suas lojas se encontram já encerradas. A dimensão do movimento, não se esgota, no entanto, aqui.



As semanas da moda são, como sabemos, eventos com grande relevo, no sentido em que captam a atenção não só da imprensa, mas também do público em todo o mundo. Agora, mais que nunca, os desfiles a ocorrer, nomeadamente em Milão, Paris e Copenhaga poderão ter um impacto significativo como forma de protesto em oposição ao conflito. Isto porque a moda, como forma de arte, é capaz de transformar a realidade e transmitir mensagens com uma imensidão de expressões, tendo o poder necessário para dar visibilidade a esta questão tão séria e preocupante.



Neste sentido, muitos estilistas e personalidades importantes no mundo da moda procuram expressar o seu apoio à Ucrânia e, portanto, o seu desagrado perante a guerra. Um dos primeiros a fazê-lo foi Giorgio Armani, que durante a semana da moda de Milão, decidiu apresentar a sua coleção sem música. Donatella Versace, por outro lado, doou dinheiro ao ACNUR (Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), como forma de apoio a todos os todos os ucranianos obrigados a abandonar as suas vidas.



A semana da moda de Paris, que terminou na passada terça-feira (8 de março) também não permitiu que a guerra passasse despercebida. O diretor criativo da Balenciaga, Demna Gvasalia, foi obrigado a fugir da Geórgia nos anos 90, pelo que manifesta uma solidariedade especial para com os que sofrem diretamente com a invasão. Demna afirmou que ‘Fashion doesn’t matter now’, prestando tributo aos 1 milhão e 700 mil refugiados que até agora a guerra provocou, ao recitar um poema em ucraniano durante o seu desfile.



A forma como os desfiles têm sido organizados deixa claramente a descoberto a posição das diversas casas de luxo que têm marcado presença nas semanas da moda. As roupas utilizadas pelos modelos nos desfiles, apresentam-se igualmente como declarações de protesto contra a agressão russa e contra as mentiras perpetradas pelo Kremlin, face à situação atual. O estilista francês da Balmin, Olivier Rousteing, por exemplo, substituiu os seus designs glamorosos, por linhas mais fortes, inspirando-se nas proteções utilizadas pelos soldados em campo.



Sendo o Instagram, o Twitter e o Tiktok algumas das maiores plataformas de difusão de informação, várias modelos e influencers, recorreram às suas redes sociais para difundir fundos de angariação de dinheiro, doação de alimentos e outros bens necessários à população ucraniana. Conseguiram, assim, apelar e sensibilizar o seu público para esta realidade, mobilizando rapidamente ajudas que se afiguram preciosas.


As supermodelos e irmãs Hadid (Gigi e Bella), têm-se mostrado bastante ativas neste sentido. Ambas se juntaram à modelo e artista argentina Micaela Argañaraz e comprometeram-se a doar parte dos ganhos realizados com os desfiles das semanas da moda, para apoiar esta grande causa, não esquecendo, todavia, aquela que lhes diz tanto, que é a situação de crise que se vive na Palestina.



As três supermodelos russas Irina Shayk, Natalia Vodianova e Sasha Pivovarova decidiram, em contrapartida, manter-se afastadas dos desfiles, não tendo comparecido na semana da moda de Paris e condenando a ação de Putin através de algumas publicações nas suas redes sociais.




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