De Duarte Amaro
Às vezes questiono-me sobre qual o papel que o futebol pode ter na sociedade. Na minha perspetiva (algo utópica) o futebol tem um poder que mais nenhuma atividade da nossa vida tem para nos unir. Porém o mesmo que nos une, é o mesmo que nos separa.
Falo disto porque, em Portugal, o futebol é uma bola de dois hemisférios, bem distantes (ambos moldados pela palavra amor): se por um lado é marcado pela emoção dos adeptos nas bancadas, por outro, é manchado pela triste realidade da violência que quase semanalmente vivemos.
O recente incidente durante o jogo da passada semana entre o Chaves e o Estoril foi só mais um exemplo disto.
Para os mais desatentos, os adeptos do clube da casa invadiram o campo antes do apito do árbitro, envolvendo-se em confrontos com os jogadores dos canarinhos.
Podemos dizer que esta cultura de ódio e confronto surge muitas vezes da rivalidade que existe entre clubes, mas...,neste caso, que rivalidade existia? Quanto muito a teoria da regionalização de Sérgio Conceição...
Precisamos de ser mais assertivos e perceber a questão cultural e histórica que alimenta esta violência no futebol português.
Sim...eu sei que também acontece nos outros países. Mas olhemos para nós. A paixão dos adeptos portugueses pelo futebol é inegável, mas quando essa paixão ultrapassa os limites do razoável, o resultado é uma atmosfera de hostilidade que prejudica não apenas o desporto, mas também a imagem do país.
Acima de tudo, mais que multas para os clubes, precisamos de educação, já para não falar das medidas de segurança nos estádios. Convenhamos, não podemos normalizar o facto de um adepto invadir o campo para bater num jogador.
Se isto acontece num jogo de primeira liga, imaginemos o que todas as semanas não acontece em escalões inferiores ou outras divisões.
Talvez esteja na hora de todos os envolvidos no futebol português se unirem para erradicar este problema. Ou talvez não, porque no fundo será que não gostamos de viver o futebol desta forma?
Fica a questão.
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