Cartoon e Texto da Cataestrófica
Sabemos que a pandemia tem desafiado e destacado as fragilidades e dinâmicas mais prementes do sistema capitalista. Uma delas é a lógica de consumo desenfreado de bens materiais, estritamente relacionada com uma ideia de prosperidade, algo que nos faz desconsiderar uma data de questões de ordem social e ambiental. Aliada a estas questões está a obsolescência programada, isto é, o processo de produção em massa de um produto que terá, deliberadamente, um ciclo de vida limitado, com o objetivo de estimular o apetite constante do consumidor por algo melhor, mais adequado, mais na moda... O consumidor é, dessa forma, incentivado a adquirir um novo produto, ainda que o seu aparelho atual esteja completamente funcional ou, por outro lado, contados os dias de vida estabelecidos para o produto, devido a uma qualquer falha técnica, o consumidor vê-se forçado a realizar uma nova compra.
A obsolescência programada não é um fenómeno recente e tem vindo a ganhar intensidade, ampliando o seu aspeto destrutivo. As consequências nefastas aplicam-se ao meio ambiente, através do consumo violento de recursos naturais, e à sociedade. A maioria do desperdício eletrónico usado é, por exemplo, enviado para o Gana. Queimaduras, infeções respiratórias, lesões musculosqueléticas e feridas são comuns entre os trabalhadores que passam grande parte do seu tempo no meio desse ambiente tóxico.
Numa altura em que certamente reparámos que não precisamos de tudo aquilo que antes adquiríamos e há tanto em causa, a necessidade de mudar esta lógica, em que inclusivamente nos reduzimos a consumidores, ignorando o nosso lado humano, é urgente. É necessário apelar a ideias de sustentabilidade, a formas éticas de produção de artigos robustos, duráveis e facilmente reabilitáveis, que procurem poupar a terra e todos os seres.
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