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Ode à liderança

Joseph Schumpeter, um dos grandes economistas do início do século XX, focou parte do seu trabalho no papel da Inovação enquanto processo essencial para o capitalismo.

Texto de Beatriz Viana


Para Schumpeter, inovar implica criatividade e, com o uso da nossa razão, sermos capazes de pensar e agir fora dos nossos hábitos e rotinaspara criar novos produtos, agilizar processos, e descobrir mercados. O empreendedor schumpeteriano é, portanto, aquele que inova, e só enquanto continua a inovar com sucesso (impossível ser entrepreneur de profissão, sorry). Não precisa de poupança prévia para financiar a sua inovação, pois fá-lo através do sistema de crédito, uma particularidade fundamental e endógena ao próprio capitalismo.


Ainda segundo Schumpeter, pela simples capacidade de inovar, o empreendedor pode ascender da classe trabalhadora, para a classe capitalista, se tiver resultados satisfatórios das suas ideias e conhecimentos. Tudo isto é um processo dinâmico e em constante renovação, através da concorrência. Os empreendedores não são sempre os mesmos, e mesmo que haja só um empreendedor em determinado setor, corre sempre risco, de que se não continuar a inovar, apareçam outros mais proativos (com ideias fresquinhas) e passem à sua frente.


Aqui teve-se como exemplo a aplicação no capitalismo da sua Teoria das Classes Sociais. Schumpeter argumenta que nas várias classes há sempre pessoas a transitarem de uma para outra, e dentro do mesmo grupo, há também alterações de posição. O que provoca essa mudança ou a ascensão social é a “capacidade que as pessoas têm em termos de liderança”. Liderança nada tem que ver com importância social, mas sim com a capacidade de criar com sucesso algo novo, de sair do status quo e inovar. Isso é a distinção.


Partilho esta teoria, porque ao estudar Schumpeter para os exames da faculdade, encontrei sentido e esperança, enquanto jovem mulher de 21 anos, que está cada vez mais tristemente desapaixonada com este Portugal. Oh se nos falta liderança: nos processos altamente burocratizados, na máquina do centralismo, na constante necessidade de validação do exterior, e também na educação (que é o elevador social basilar).


Não falo de autoritarismo, de mais poder ou de cargos (muito menos tachos). Falta a liderança schumpeteriana no dia a dia, o sermos líderes por nós próprios, para nós próprios, e concorrermos em conjunto. E entristece-me sentir que cada vez menos se potencia esta liderança ou, pior ainda, que não é premiada.


Assim, segue em modo escrito, o meu peditório intelectual para o futuro, meio em espírito de partilha de teoria económica, meio em estilo de desabafo emocional: inovação e liderança (ah, e vacinas, sempre).

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