De Duarte Amaro
E se corre bem? Foi assim que Ruben Amorim começou a sua trajetória no Sporting. De forma quase clandestina, sem as habituais credenciais, mas com uma visão clara e uma capacidade de comunicar que deixaria qualquer político invejoso.
Em tempos onde o futebol português gira, constantemente, numa centrifugadora de “mais do mesmo”, Rubén Amorim surgiu como uma autêntica lufada de ar fresco.
Tanto nas vitórias, como nas derrotas, a forma como aparece é algo verdadeiramente invulgar na realidade do futebol em Portugal.
Um homem que em quatro anos passou de uma aposta de alto risco para um dos líderes mais respeitados do nosso campeonato.
Desde o início, o técnico leonino provou que não é apenas mais um treinador. É muito mais que isso. É líder, é gestor e é humano. É um comunicador nato que foi capaz de unir um Sporting totalmente fragmentado.
Em vez de recorrer aos clássicos clichés ou às desculpas esfarrapadas, em todos os momentos (ou em quase todos) apresentou uma franqueza muito pouco vista no nosso país.
Ganhamos? Fantástico, mas vamos manter os pés no chão. Perdemos? Vamos aprender e melhorar.
Esta abordagem teve uma eficácia tremenda num Portugal onde o drama e a hipérbole reinam.
Mas o que realmente distingue Amorim é a sua autenticidade. Hoje, a comunicação no futebol é frequentemente pautada pela previsibilidade e o secretismo, o treinador leonino traz consigo uma vertente humana à qual não estamos habituados.
Estamos habituados a líderes que muito falam e pouco dizem e Rúben Amorim veio demonstrar que é possível ter impacto sem ser através do drama e do grito.
Veio provar que não é só um excelente treinador, mas sim um modelo de liderança que as novas gerações devem seguir.
Não há exaltações desnecessárias, nem ataques aos árbitros. Há uma postura calma e serena. Não tem medo de admitir quando erra e enfrenta as questões com honestidade.
Amorim não se limitou a mudar a dinâmica da equipa dentro de campo, mas também influenciou a cultura do Sporting como um todo. O impacto que teve vai muito além de troféus e vitórias.
Num mundo onde a autenticidade é cada vez mais valorizada, Rúben Amorim é um exemplo brilhante de como ser verdadeiro consigo mesmo e com os outros pode transformar uma equipa, um clube e, quem sabe, até um desporto inteiro.
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