Pierre, que já compôs para António Zambujo, Seu Jorge, Jorge Palma ou até Melody Gardot, junta amigos de vários cantos que acabam por criar laços entre eles. Através de concertos intimistas estas amizades passam a fazer parte da história da Rua das Pretas, tendo estas originado um disco lançado recentemente em 2021, que fala dos dois elementos sempre presentes nestas noites: o vinho e o amor.
Seleção de Cristina Bokor Rogeiro
Cantora e estudante na Escola Superior de Música de Lisboa
O programa “Rua das Pretas” da RTP1 tem levado a um público mais vasto as tertúlias musicais criadas pelo cantor e compositor Pierre Aderne. Nasceu em Paris, cresceu no Brasil e em 2006 decidiu recriar os saraus feitos em casa de Tom Jobim na Rua Nascimento Silva, Ipanema, no Rio de Janeiro. O que começou como uma homenagem pontual tornou-se rotina, chamando nomes como Maria Gadú, Teresa Cristina ou Seu Jorge que apresentavam canções inacabadas. Em 2011 trouxe a ideia para Lisboa, criando uma magnífica mistura de sotaques da língua portuguesa, juntando a bossa nova ao fado, ao folk e à música africana.
Pierre, que já compôs para António Zambujo, Seu Jorge, Jorge Palma ou até Melody Gardot, junta amigos de vários cantos que acabam por criar laços entre eles. Através de concertos intimistas estas amizades passam a fazer parte da história da Rua das Pretas, tendo estas originado um disco lançado recentemente em 2021, que fala dos dois elementos sempre presentes nestas noites: o vinho e o amor. A plateia é, portanto, também o palco, pelo que cada um que se junta não vem apenas ouvir mas também tocar. O essencial neste conceito é a mistura e por isso o projeto migrou em 2019 para o Porto, Paris, Nova Iorque e Madrid.
Devido à pandemia as tertúlias tiveram que ser interrompidas. No entanto, a RTP1 permitiu, semanalmente, que se reinventassem e adaptassem a um formato televisivo, com menos calor humano mas com a mesma essência. Cada episódio gravado no Coliseu dos Recreios recebe um convidado especial e é conduzido por Pierre Aderne e um grupo de músicos que se mantém ao longo da série. São eles Fred Martins, Walter Areia, Nilson Dourado, Augusto Britto, Rui Poço, Joana Amendoeira e Karla da Silva.
Na última segunda feira foi Agir que se juntou a este encontro de músicas do mundo. O cantor, compositor e produtor começou por apresentar “Constelações”, uma canção portuguesa inédita que escreveu durante a pandemia. Esta composição é completamente diferente do que estaríamos à espera, o que na verdade já se torna comum no trabalho de Agir. Marca assim uma nova era do artista que parece estar a fazer tudo aquilo que até hoje ainda não tinha feito, pelo menos como intérprete. Entre conversas e temas inacabados que são uma lufada de ar fresco para aqueles que anseiam o regresso às salas de espetáculo, somos também mimados com um momento de improviso com todos os presentes que fecha o episódio demasiado cedo.
Pelo programa já passaram Paulo de Carvalho, Tito Paris, Maria João e Rita Redshoes. São todos estes concertos imperdíveis que podem ser vividos e revividos na RTP Play. E é preciso estarmos atentos aos próximos, segunda-feiras às 23h45 na RTP1.
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