O nome do disco representa um ombro amigo que Salvador sentiu quando esteve internado. Quando no eletrocardiograma via repetidamente escrito “bpm”, via-se em casa, visto que o mesmo termo se usa para caracterizar as batidas por minuto de uma música.
Crónica de Cristina Rogeiro
Cantora e estudante na Escola Superior de Música de Lisboa
Bpm é o primeiro disco de Salvador Sobral com composições exclusivamente suas. O artista juntou-se com a sua banda durante um fim de semana num estúdio em Léon, longe de tudo e de todos, com o único objetivo de fazer música.
Produzido por Leo Aldrey o disco conta com André Santos que, da sua forma única de criar novas texturas na guitarra, é o grande responsável pela cor que caracteriza a identidade do som de cada tema. Bruno Pedroso na bateria entra com ritmos diferentes e imprevisíveis e André Rosinha traz peso à música, criando uma profundidade ainda maior no contrabaixo. Abe Rábade, pianista e compositor galego, deposita todas as suas emoções ao piano, demonstrado uma empatia fora do normal para com músicas escritas por outros.
O nome do disco representa um ombro amigo que Salvador sentiu quando esteve internado. Quando no eletrocardiograma via repetidamente escrito “bpm”, via-se em casa, visto que o mesmo termo se usa para caracterizar as batidas por minuto de uma música. Este disco vem do mais íntimo de Salvador Sobral e por isso é tão emocionante. Ainda mais impressionante é por sentirmos não só os batimentos do seu coração como o de cada músico da sua banda, que estão perfeitamente em sintonia.
É um disco de jazz contemporâneo, com espaço para alguns solos de piano no meio, e de música do mundo, sendo cantado em português, inglês e francês. Como descreve perfeitamente Abe Rábade, este disco tem o melhor dos dois mundos: de todas as coisas planeadas e terrenas e por outro lado tudo aquilo que aparece repentinamente, sem aviso e que é muito impactante.
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