O Sincopado desta semana traz-nos o cantor gospel Kirk Franklin e a sua atuação no NPR Music’s Tiny Desk e ainda a bela interpretação das canções de Paulo de Carvalho pela voz do filho Agir na edição deste ano do Festival da Canção.
Seleção de Cristina Rogeiro
Cantora e estudante na Escola Superior de Música de Lisboa
Melodias do Céu
Durante o mês de Fevereiro o NPR Music’s Tiny Desk celebrou o Black History Month com concertos de artistas negros, de diferentes estilos, com uma longa carreira ou a dar os primeiros passos, tendo acabado em grande com o cantor de gospel Kirk Franklin. A sua passagem pelo Tiny Desk soube a pouco por não durar mais de 15 minutos, mas também por isso se torna um episódio tão especial. Um momento inesperado, no entanto indispensável e que não poderia fazer mais sentido, especialmente nos dias que correm.
Muitos ouvem os concertos do Tiny Desk para acompanhar alguma tarefa e torná-la mais leve. Apesar da tendência, no caso de Kirk e do seu coro magnífico é impossível não largar tudo o que estamos a fazer e dedicar-lhes todos os nossos sentidos. O artista traz os temas “Love Theory”, “Silver and Gold”, “Melodies From Heaven” e “I Smile”, cada um de discos diferentes, com uma energia contagiante, no entanto sempre muito cool, e por momentos é capaz de tornar ateus em crentes.
Kirk Franklin nasceu no Texas e foi criado pela tia. Começou a aprender piano aos 4 anos e aos 11 liderava o coro adulto da Mt. Rose Baptist Church. A sua relação com a Igreja teve muitos altos e baixos, tendo hoje em dia uma forte ligação com a mesma, tornando-se um dos maiores nomes do gospel contemporâneo. Criou a sua própria produtora “Fo Yo Soul Productions” e destacou-se com os discos a solo “The Rebirth of Kirk Franklin” (2002) ao vivo, “Hello Fear” (2011), “Losing My Religion” (2015) e o mais recente “Long Live Love” (2019). Obrigatório ouvir aquele que vem alegrar os nossos dias em casa.
Ainda Depois do Adeus
Não é só lá fora que há coisas bonitas, aliás, o Festival da Canção este ano revelou que a música portuguesa se recomenda, mas isso fica para outros artigos, visto que há tanto para falar. Ainda que fora do concurso, é importante destacar o momento em que o cantor, compositor e produtor Agir homenageou o pai Paulo de Carvalho (jurado no festival) com os temas bem conhecidos na sua voz “Flor Sem Tempo” e “Depois do Adeus”.
Mais uma vez mostra a sua versatilidade e sensibilidade musical e quebra preconceitos ao interpretar os dois hinos que venceram o Festival da Canção em 1971 e 1974. À sua maneira cool tão característica de fato e mão no bolso, Agir emociona de uma forma invulgar numa atuação que é importante rever para lembrar o melhor da história do Festival da Canção.
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