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Um polícia bom é um polícia morto

Crónica de Cristiano Luís Gaspar

Advogado-estagiário

fonte desconhecida


A morte de George Floyd fez erguer alguns protestos pacíficos nos Estados Unidos, juntando milhares na luta contra o racismo. De igual forma, levou a um escalar de violência, com os assaltos, as ameaças, o terror e a destruição que se seguiram, inflamados por organizações terroristas de extrema-esquerda - assim classificadas pelo Presidente dos E.U.A - e perpetradoras do caos, como o grupo Antifa. Por cá, de forma mais pacífica, organizou-se ontem, em plena crise pandémica, uma manifestação solidária com Floyd, reunindo-se milhares de pessoas na Alameda, convocadas para denunciar o racismode que alegam também em Portugal ser vítimas e lideradas em força pelo Sr. Mamadou Ba, Catarina Martins e pelos lobbies associados à restante extrema-esquerda portuguesa. Se a razão da convocatória foi luta por causa justa, o espetáculo a que os portugueses puderam assistir foi deplorável e representativo do caráter venenoso de certos dos nossos grupos organizados, ainda (?) não terroristas.


Do encontro de ontem resultaram muitos perigos a que devemos estar atentos, e queria destacar sobretudo dois, que mostram como a luta contra a discriminação racial está a ser deturpada, fazendo cair em saco roto as reivindicações verdadeiramente justas. Seguem de borla, porque gosto de escrever para o Crónico e, ainda mais, que a Madalena me corrija os textos.


O primeiro perigo é representado pela frase que dá título a este texto e que podia ler-se num dos cartazes que circulavam na manifestação de ontem - onde também andava Mamadou Ba, autor da tirada da “Bosta da bófia”. Como há muito a literatura explica, a primeira arma dos populistas é procurar a divisão, fabricando um nós e um eles de forma a que se possa galvanizar todo um determinado grupo, neste caso racial. As vítimas aqui são as nossas forças policiais, contra as quais é incitado o ódio e às quais é desejada a morte, apesar de fazerem Portugal continuar firme na lista de países mais seguros do Mundo e de todos os dias o garantirem, arriscando a sua vida em bairros problemáticos desse nosso país, onde são recebidas com pedras e tiros. A generalização a que certos agentes políticos conscientemente incitam, querendo fazer ver que a parte é o todo, apimentada por desejos e gritos de morte, é uma vergonha para Portugal e para as nossas instituições, colocando-nos a todos em risco. A nossa polícia merece mais. Bruno Chainho, Irineu Diniz e Felisberto Silva são três dos nomes que ninguém lembra, mas que não menos merecem ser recordados, prestando-lhes eu a minha homenagem. Deram a sua vida em nome da nossa proteção e segurança e, portanto, em nome da pátria.


Um segundo perigo é o da instrumentalização da causa justa. Desenganem-se os que acreditam que se satisfazem os responsáveis da manifestação de ontem com a união de um conjunto de pessoas solidárias a Floyd. Não chegaria! Foram incontáveis as palavras de ordem e mensagens escritas que faziam mira a personalidades políticas como André Ventura, Trump e Bolsonaro, alheias à morte de um negro detido às mãos de um polícia, e disparavam contra os males do capitalismo. É a extrema-esquerda que temos e a sua estratégia é perigosa: não lhes chega que as pessoas estejam a seu lado numa determinada causa justa, como é a luta contra o racismo - é preciso que estejam a seu lado sempre, naquilo que é o maior sintoma de ditadura que consigo vislumbrar no atual panorama político-partidário português. Para o garantir, aproveitam-se da confusão emocional gerada em torno de uma causa para manipular as massas, querendo levá-las a acreditar que todas as suas restantes causas são justas. É baixo.


São estes perigos que mais me preocupam, mas não são os únicos. É-o, também, a irresponsabilidade de marcar uma manifestação nos tempos em que vivemos, arriscando a vida de milhares de pessoas de forma direta e indireta. São-no as constantes ofensas e ataques aos nossos portugueses, ao nosso país, à nossa cultura e à nossa História, com as acusações de um Portugal estruturalmente racista, apesar do laço que mantemos com os PALOP e que já vem do tempo do colonialismo português. É-o a presença, em manifestações como a de ontem, em que se deseja a morte a polícias e políticos e se cospe no bom-nome da nossa pátria, de representantes de órgãos de soberania nacional.


Alheio a esta polémica, permanece um Portugal em desconfinamento, dotado de gente resiliente, trabalhadora, honesta, humilde e de boa natureza que, felizmente, vai permanecendo imune a estes dizeres e provocações, sintomáticos de batalhas estrangeiradas que se procuram importar sem olhar à escala, continuando a gostar muito do seu país e das suas gentes. Como eu.

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