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Uma Era de Códigos que ameaça a nossa Democracia

Atualizado: 15 de jul.

De Diogo Alexandre Carapinha


Este é o meu primeiro artigo para o Crónico e, por si só, merece um destaque especial e uma contextualização sobre o que venho para aqui dissertar.


Apesar da importância dos média tradicionais, considero ser necessário falar para um público diferente, mais específico. Um público mais jovem. Por vezes, mais atento aos temas que vou abordar, capaz de perceber a profundidade dos mesmos.


A esse público de maior contacto, cumprimento e espero que as palavras que escreverei estejam a um elevado nível na representação desta casa.


Tecnologia, geopolítica e segurança ocuparão os meus textos. Portanto, cá vão as primeiras linhas:


Nos anos 80, um hacker alemão tentou aceder a servidores americanos para ter acesso a informações confidenciais para a FSB. 


Em 2007, a Estónia foi bombardeada com ciberataques, que influenciaram as suas eleições, por ter deslocado um monumento soviético de uma praça principal para uma praça secundária. 


Antes de se iniciar a segunda década dos anos 2000, o mundo assistiu a um vírus que inativou uma central nuclear no Irão e parou (quase na totalidade) com o então programa nuclear dos aiatolas.


Desde então, assistimos nos dias de hoje a sucessivas campanhas de espionagem, sabotagem, propaganda, ataques a redes de energia – e outros setores críticos das sociedades –, disrupção económica, deepfakes.

Há países que usam a inteligência artificial, o 5G, a computação quântica e o seu forte pendor espacial para incutir sistemas de crédito social, censuras online, militarização de ponta e vigilância os seus concidadãos – e além fronteiras.


Países que olham para as Olimpíadas como um espaço de guerra e como um alvo contra seus inimigos – como aconteceu em Jogos passados.


Países que vêem nas eleições de Estados livres e democráticos uma oportunidade atacar sistemas de registo dos eleitores, websites que comunicam resultados não oficiais ou, até mesmo, equipamentos de voto – para além da misinformation e disinformation, estratégicas de continuidade e de longo-prazo -, “hackeando” a democracia.


Vivemos num mundo perigoso, onde, à distancia de cliques, percebemos que grupos não-Estatais têm tanto poder disruptivo para as sociedades como Estados soberanos com esses mesmos arsenais.

Vivemos num mundo onde, como já acontece, aviões civis ficam “às escuras” – com interferência no GPS e no seu altímetro. Ou que Serviços Nacionais de Saúde ficam sem as suas redes, são canceladas 19 mil consultas e perdidos milhares de euros. Ou que empresas cinematográficas ficam “de pantanas” quando um grupo diretamente ligado a um Estado lança o ciberataque mais avassalador que aquela indústria alguma vez recebera.


Um ecossistema em que nem mesmo o mais poderoso (não sendo esta afirmação totalmente consensual) Estado-soberano do mundo vê a sua Agência de Segurança Nacional a ser perfurada e uma vasta gama dos seus segredos de Estado a tornarem-se públicos como se de uma promoção da Fnac se tratasse; isto se quisermos esquecer as campanhas de intrusão nos seus mais vitais pipelines, em 2012.


Em que territórios se envolvem em disputas com gigantes, não apenas por questões culturais ou de integridade territorial, mas pela sua importância vital no futuro da inovação tecnológica militar e social, recebendo, como regalia, 12 milhões de ciberataques por mês e ocupando o primeiro lugar entre os países que mais sofrem com desinformação estrangeira.


Intrigante e preocupante, não é?


Por aqui, n´O Crónico, apresentarei algumas reflexões sobre os tópicos que introduzi neste texto.


Não são teorias ou abordagens conceptuais, mas sim análises aos dias de uma pessoa que observa estes fenómenos bem de perto.


Até breve.

 


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