Foi na infância que entraram na nossa imaginação. Durante a adolescência foram perdendo a sua fantasia, sendo usados como arma de arremesso contra os mais ingénuos, mas na cabeça dos mais férteis tornaram-se visões de uma realidade que é construída dia após dia. Os unicórnios ganharam novo propósito, nova carreira, uma renovada denominação. Não deixaram de ser uma miragem, mas passaram a ser uma realidade.
de Gonçalo Brites Ferreira
São Startups disruptivas que criaram o seu lugar no mundo competitivo dos negócios, e que nos mostram como as oportunidades não aparecem, criam-se. Como? Pois bem, estas figuras do mundo encantado dos príncipes e princesas parecem ter aprendido a nadar em Oceanos Azuis.
Os Unicórnios são Startups que atingiram uma valorização de 1000 milhões de euros antes de terem presença na capitalização bolsista. A sua valorização é feita tendo como base as expectativas dos investidores, apoiada na crença que estes depositam na capacidade para a empresa acrescentar valor e não na sua capacidade financeira. Nestes casos, não existe sequer distribuição de dividendos, visto que muitas destas empresas em fase mais embrionária não tem capacidade efetiva de gerar lucros.
Estas empresas optam por pensar e agir de um modo fora do comum: não escolhem competir em mercados onde as regras do jogo estejam já bem definidas. Pelo contrário, preferem criar o seu mercado e as suas próprias regras. A estes mercados por criar chamamos Oceanos Azuis, que, por oposição, e até com referências futebolísticas, se opõem aos Oceanos Vermelhos.
Os Oceanos Vermelhos são os mercados que conhecemos, onde estamos habituados a consumir e sobre os quais detemos alguma capacidade de previsão. A luta do dia a dia é posição, pelo poder de negociação e pela capacidade de atrair e conquistar clientes ao adversário. São mercados onde a nossa eficiência, capacidade de reduzir custos, de produzir mais barato, traduz se na nossa capacidade de permanecer vivos e subsistir no mercado. À medida que a competição aumenta e fica mais feroz, a capacidade de gerar lucros diminui, a luta ganha contornos sangrentos, e o oceano fica cada vez mais vermelho.
Por outro lado, os Oceanos Azuis são mercados que ainda não existem ou estão ainda a começar, capazes de capturar e criar as necessidades dos consumidores, onde a competição acontece através da criação de valor, em vez de ocorrer por meio do preço. É na inovação que as empresas encontram o passaporte para estes mercados, e quando são bem-sucedidas, ganham um estatuto difícil de contestar, particularmente motivado pela dificuldade em imitar certos processos, muitas vezes protegidos por patentes.
As Startups que alcançam o desejado epíteto de unicórnio navegam nestes oceanos azuis, à semelhança dos portugueses, que deram novos mundos ao mundo. O mais conhecido e emblemático unicórnio por esse mundo fora é a Facebook.
Segundo o jornal Eco, os unicórnios portugueses valem, aproximadamente, 38 mil milhões de euros. A que mais se destaca é a conhecida empresa de retalho de roupa online Farfetch, com um valor estimado de 14,5 mil milhões de euros, seguida da Talkdesk, uma empresa de software especializada em inteligência artificial e clouds.
A estratégia da criação de oceanos azuis e da construção de “mercados exclusivos” pode ser seguida por empresas já implementadas no mercado. Todavia, a dificuldade em recriar certos processos, em transformar mentalidades enraizadas e redes de contacto estabelecidas torna esta abordagem complexa para empresas já implementadas no mercado.
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