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A “Comícios de Amor”, o que lhe falta?

  • Foto do escritor: Crónico.
    Crónico.
  • 21 de jun. de 2022
  • 2 min de leitura














de Raquel Batista


A maio de 1965 foi lançado por Pier Paolo Pasolini o filme documental, ao que os franceses denominam por cinema verité, cinema verdade.

Este estilo de cinema representa uma ideia mais aproximada à de verdade, por que se supõe que põe a nu as verdades e as inverdades, no sentido em que obriga o espetador a questionar-se sobre o que é o ou não é verdade ou mentira, a moralidade de tudo o que pensa ver (se é que o vê).


Pasolini percorreu Itália e procurou por ouvir as pessoas, independentemente da classe social que tais ocupavam.

Não se preocupou, aparentemente, com mais nada a não ser com a sinceridade das respostas, como também com a destreza delas para responder.

Verifica-se que a mesma vontade de resposta não é refletida nos dois sexos: Os homens falam mais do que as mulheres ou não se importam de falar mais do que as mulheres.


Há cerca de um ano atrás estava numa aula de mestrado que se iniciou com esta premissa. Uma professora perguntou-nos porque é que os homens se esforçavam mais por participar nas aulas do que as mulheres.


Carregando no botão de retrospetiva, apercebo-me que os rapazes que passaram pela minha vida sempre se fizeram mais ouvir do que as mulheres e, mesmo que muito tenha mudado, continuo a estar numa aula de mestrado e a ver o mesmo a acontecer. Porquê?


Por que falta fazer filmes de verdade? Ou falta ir ao cinema? Ou falta poder comprar um bilhete de cinema, querer comprar, ser incentivado a comprar?

Admiro muito os artistas em Portugal, são gente valente!

Porém, continua a faltar muita verdade por estes lados.


Sempre ouvi homens a falar muito, e sempre me consideraram “calada”, o que quer que isso seja, é por que o termo comparativo é sobre aquele que fala mais.

O certo é que continua a não ser dado o mesmo espaço às mulheres do que é dado aos homens, continua-se a olhar para as pessoas de forma cruel e errada, continua-se a não se questionar o nosso próprio ponto de vista, porque às vezes as pessoas só querem mesmo é estar caladas.


Pasolini, se faltou o contexto da elite, porque é que nunca se fez um filme documental sobre ela? Não são pessoas interessantes? Não conseguiste? Não pudeste? Não quiseste?


Qual é a razão para este constante silêncio?

Na quinta-feira, dia 9, Daniel Oliveira disse que as elites têm medo da instabilidade interna - a propósito da guerra na Ucrânia - se é possível que seja esse o ponto do eterno silêncio por parte das elites, pudéssemos nós ressuscitar Freud para que ele tentasse compreender as relações familiares do nicho elitista.


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