Da rúbrica Mulheres na Economia
por Beatriz Viana
Instituições, Recursos Naturais, Educação, Pobreza. Tudo isto é Economia. Termino (por hoje…) cada vez mais segura que, nós mulheres, também somos Economia. Comecem a organizar o estudo, ainda só lemos o capítulo 1.
Uau. Elas andam aí. Como aluna aplicada que sou, fiz o trabalho de casa. Fui pesquisar sobre a vida e obra de mulheres economistas e até tirei umas anotações, que partilho a custo zero, já que estamos no mês da Black Friday.
Começando por contextualizar a minha investigação e as respetivas fontes, optei por debruçar-me onde a raiva inicial foi despoletada: o Prémio do Banco da Suécia para as Ciências Económicas (a.k.a Nobel).
Escrevi no mês passado que apenas duas mulheres tinham sido vencedoras desta nomeação: Elinor Ostrom e Esther Duflo. (In)felizmente, não conhecia os nomes, nem os respetivos trabalhos. Para os que se encontram na mesma situação que eu, garanto que vale a pena continuar a leitura.
Elinor Ostrom nasceu em 1933, em Los Angeles, Califórnia, e faleceu no ano de 2012. Estudou Ciência Política na UCLA, obtendo um PhD na mesma. Grande parte da sua carreira e investigação foi desenvolvida enquanto docente na Indiana University e Arizona State University. Foi reconhecida com o Prémio Nobel, em 2009, que partilhou com Oliver Eaton Williamson.
O seu trabalho debruçou-se sobre o que apelida de commons- bens comuns-, como os recursos naturais, e veio «agitar as águas» (pun intended) aos economistas de até então. O consenso geral sobre este tipo de bens, defendia que, quando utlizados coletivamente pelas sociedades, tornam-se escassos e são destruídos no longo prazo.
Ostrom contra-argumentou esta ideia, conduzindo pesquisas de terreno em pequenas comunidades locais, que partilhavam recursos como pastagens, águas para a pesca e florestas. Conclui que, ao longo do tempo, eram estabelecidas regras de comunidade sobre a utilização apropriada e sustentável destes recursos, quer a nível económico, quer a nível ambiental. Não seria necessário a intervenção de empresas privadas ou a regulação do Estado (“uiii, realmente!”, pensei eu).
Vou ser sincera e dizer que me custa bastante resumir toda uma vida e trabalho em 3 parágrafos. Sendo assim, zelando pelo Bem da ciência económica e pelo attention span do leitor, deixo o link para uma autobiografia, que a cientista redigiu para o website do Nobel: https://www.nobelprize.org/prizes/economic-sciences/2009/ostrom/biographical/
Mais recentemente, no ano de 2019, tivemos a segunda mulher distinguida pela Academia, que é também a economista mais nova a vencer.
Esther Duflo nasceu em Paris em 1972. Estudou História e Economia na École Normale Superieure (Paris, França), mas concluiu o seu PhD no Massachusetts Institute of Technology (MIT), onde continua a trabalhar até à data. Partilhou este prémio com Michael Kremer e Abhijit Banerjee - colega de investigação, com quem é também casada.
Em que se distingue o seu trabalho? Duflo introduziu uma abordagem nova para obter respostas sólidas e consistentes para combater a pobreza global (“elah!”, pensei eu). Defende que a questão da pobreza deve ser divida em pequenas problemáticas, mais fáceis de gerir e orientar o foco. Assim, conduziu pesquisas de terreno em diferentes áreas, como a saúde infantil ou a educação das crianças.
Para complementar com um exemplo mais concreto, a economista liderou uma pesquisa na Índia que responder à problemática do nível muito elevado de absentismo da parte dos professores. O resultado sugeriu que empregar os professores com contratos de curto-prazo, que viriam a ser alargados apenas nos casos em que os resultados dos estudantes fossem positivos, levaria a aumentos significativos do aproveitamento escolar.
Mais uma vez, sinto-me na obrigação intelectual de partilhar o máximo possível. Deixo o link para a Nobel Prize Lecture de Esther Duflo:
Instituições, Recursos Naturais, Educação, Pobreza. Tudo isto é Economia. Termino (por hoje…) cada vez mais segura que, nós mulheres, também somos Economia. Comecem a organizar o estudo, ainda só lemos o capítulo 1.
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