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Rebecca Henderson

  • Maria Madalena Freire
  • 17 de jul. de 2021
  • 3 min de leitura
O mundo está quente. A economia está em crise. A democracia está ameaçada com o crescimento do populismo. Para muitos, todos estes fenómenos levam a uma descrença nas instituições atuais e na capacidade de recuperação da sociedade através do sistema económico capitalista. A economista Rebecca Henderson tende a discordar.



Professora da The John and Natty McArthur University na Harvard Business School e conselheira de empresas-líder mundiais em vários setores, Henderson é expert na área da inovação e na gestão empresarial. A sua pesquisa debruça-se sobretudo no papel fulcral do setor privado, na construção de uma economia mais sustentável - focada na recuperação ambiental, no combate das desigualdades económicas e em evitar o colapso das instituições.


No seu mais recente livro, Reimagining Capitalism in a World on Fire, Rebecca Henderson explora o redesenhar do capitalismo e ter cada empresa como agente de mudança positiva, através da reconfiguração das melhores práticas individuais, para produzir resultados coletivos. Encontramos o equilíbrio perfeito entre privatizar, liderar e sustentar – encurtar o gap que construímos entre o mundo dos negócios e as outras áreas da nossa vida.


A pesquisa de Henderson apresenta casos de estudo de organizações já bem conhecidas por todos, como a Nike, a Unilever e a Procter & Gamble. O que há de comum? Todas foram pioneiras em marcar a diferença

Abolir exploração de trabalhadores na cadeia de produção (como o trabalho infantil), optar por ingredientes de produção sustentável e aumentar salários em consequente preocupação com a qualidade de vida dos trabalhadores.


Para Henderson, o incentivo ao lucro e agir em prol da sociedade não são mutuamente exclusivos. O capitalismo redesenhado permite criar sinergias, que não só geram benefícios qualitativos, como aumentam resultados. Muitas vezes surgem pela implementação de medidas arrojadas, que possam até aumentar os custos da empresa numa fase inicial, mas que pelo seu caráter estratégico e com propósito, acabam por se converter em sucessos e influências mundiais. Para sustentar este argumento, conta-nos, entre outros, o caso da Lipton: a empresa acabou por aumentar a sua quota de mercado face às suas concorrentes como a Tetley, após ter passado a comercializar chá apenas de plantações sustentáveis. Em vez do foco único nos Quarterly-Reports, a Lipton pensou no coletivo, e o consumidor aprovou.


Nem sempre mudança é automática, ou fácil de implementar. Mas, para Henderson, o sucesso surge quando a visão e a vontade ultrapassam a inquietação e o desconforto. A professora expõe o caso da Nokia e da Kodak, que falharam exatamente pela descrença na necessidade de avançar ou planear a longo prazo: a Apple era, de facto, uma ameaça e o futuro da fotografia provou ser, efetivamente, digital. Estas empresas sofreram as consequências da dificuldade em adaptar e redesenhar, ações vitais a tomar para um futuro sustentável.


Para Rebecca Henderson, o caminho para a mudança é holístico e as boas notícias são que as novas gerações buscam mudança e estão dispostas a trabalhar para algo maior do que um salário.

Revolucionar o propósito do negócio, pensar no longo prazo e aprender a cooperar com as instituições são alguns dos passos vai elaborando com detalhe, mas moral do seu livro está também em descobrirmos o nosso próprio caminho para re-imaginar o mundo.


A professora Rebecca Henderson não fala de gestores, para gestores. O resultado final do seu discurso é pertinentemente mainstream e de leitura obrigatória para todos os que desejam ter voz neste processo de reconstrução capitalista. Estamos perante mais uma mulher na Economia a colocar na bucket-list pessoal de aulas a que todos precisamos de assistir.


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